AS COISAS QUE SERVEM PARA A PAZ

Categoria: Tag:

UM RESUMO DAS COISAS QUE PODEMOS FAZER PARA AJUDAR A PROMOVER A PAZ E A UNIDADE ENTRE O POVO DO SENHOR

Falei sobre diversas coisas que podemos fazer que “servem para a paz” na assembleia. Eis um resumo do que foi dito:

1) Comprometer-se em humildade.

2) Julgar nosso espírito crítico.

3) Ter cuidado para não ofender em palavra ou ação.

4) Reconhecer e se submeter aos que presidem entre nós administrativamente.

5) Exercer domínio próprio no ministério da Palavra.

6) Desarmar a maldade com atos de bondade.

Que Deus nos dê a graça de procurar “a paz da cidade” (Jr 29:7) fazendo essas coisas. “Quão bom e quão agradável é que os irmãos vivam em unidade!” (Sl 133:1 – JND).

DESARME A MALÍCIA COM ATOS DE BONDADE

Vamos ler agora Romanos 12:18-21: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; Eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”. Essa exortação é ampla o bastante para ser aplicada tanto aos santos quanto aos pecadores. Podemos nos exercitar nisso com incrédulos que não gostam de nós, assim como com aqueles entre nossos irmãos que talvez não gostem de nós. O ponto aqui é que podemos promover a paz com os outros (pacificamente), desarmando sua maldade com atos de bondade. Tais atos farão a pessoa ter vergonha de sua hostilidade e os conduzirá a mudar os pensamentos dela sobre você.

O fato de haver animosidade em um Cristão contra o outro, mostra que há algo seriamente errado. Certamente não é uma condição que Deus deseja entre Seu povo. A primeira coisa que o apóstolo diz na passagem é que não devemos pagar o mal com o mal. A ordem é “dai lugar à ira” – a ira de Deus, não a nossa. Devemos deixá-la com o Senhor que tratará com essa pessoa por Seus meios governamentais. Não é nossa esfera e nem nossa responsabilidade castigá-las, embora possamos achar que mereçam.

Você pode dizer, ‘“qual é a minha responsabilidade então? O que posso fazer a respeito?” Bem, o apóstolo está dizendo aqui que podemos fazer alguma coisa. Podemos tentar desarmar a maldade das pessoas, retribuindo com atos de bondade, para que sejam atingidas em suas consciências e se envergonhem da animosidade. No entanto, retribuir a animosidade de uma pessoa da mesma forma é deixar que o mal nos vença e isso nos fará descer ao nível dos meios maldosos dessa pessoa. J. N. Darby disse: “Se o meu mau humor colocar você de mau humor, você foi vencido com o mal”. Portanto, cabe a nós não deixar que isso nos aconteça! George W. Carver disse: “Eu nunca vou deixar outra pessoa arruinar a minha vida, fazendo-me odiá-la!”

Às vezes, uma pessoa guarda rancor contra outra, se afasta dela, e dá como desculpa que está procurando exercitar essa pessoa quanto ao seu erro. Isso pode parecer espiritual e piedoso, mas na realidade é apenas maldade. Dizer, “eu posso perdoar, mas não posso esquecer” é somente outra maneira de dizer: “eu não perdoarei!” Não enganamos ninguém quando falamos dessa maneira – mostra que temos um espírito implacável, e isso é tão claro quanto o dia! Podemos enterrar a machadinha, mas ainda segurar seu cabo! Somos advertidos de que, se prosseguirmos com esse tipo de coisa, uma “raiz de amargura” se manifestará na assembleia, e assim muitos serão “contaminados” (Hb 12:15). Isso também acontece quando as pessoas se envolvem em disputas pessoais e linhas são traçadas e lados são tomados o que resulta em divisão na assembleia. Isso é vergonhoso, mas acontece.

Mas alguém pode dizer: “E quanto à Lucas 17:3?” “Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe”. Diz que não devemos perdoar uma pessoa até que ela se desculpe. Com base nessa Escritura podemos nos sentir justificados e continuar com um rancor ou uma disputa contra alguém que nos ofendeu até que ele, arrependido, nos peça desculpas. O problema desta ideia é que isolamos um versículo e não estamos olhando para o assunto do perdão fraterno em sua totalidade, como a Escritura o apresenta. Lembre-se, uma das grandes máximas que têm a ver com a interpretação da Bíblia é que devemos interpretar as Escrituras à luz de todas as outras Escrituras.

Precisamos da luz de outras Escrituras sobre o assunto de perdão para compreender corretamente este verso. Somos informados em Mateus 18:35 que devemos “perdoar” em nossos “corações” todos os que nos ofendem. Não há nenhuma condição imposta nessa passagem dizendo que deve haver arrependimento e confissão do erro para que possamos perdoar. Isso significa que devemos ter um espírito de perdão para com os que nos magoam, mesmo que condições de hostilidade ainda existam neles. E isso não está contradizendo Lucas 17. Lucas supõe que chegará um tempo em que a pessoa reconhecerá o seu erro e então poderemos administrar esse perdão a ela formalmente. Nós já a perdoamos em nossos corações, mas então podemos fazê-lo com nossas bocas. Wayne Coleman, certa vez colocou desta forma: “Mantemos um reservatório de perdão em nossos corações para com essa pessoa, e quando ela se arrepende e assume o seu erro, abrimos as comportas e expressamos o nosso perdão formalmente”.

Assim, se alguém nos ofende, devemos ter nossos corações livres de rancor, mantendo um espírito de perdão para com ele. O Senhor nos adverte que, se não fizermos isso, seremos entregues aos “atormentadores” (Mt 18:34). Isso não está falando de juízo eterno, como alguns pensam, porque o Senhor sugere que há uma possibilidade de sair desse tormento, dizendo: até que ele pagasse tudo”. Todos sabemos que não haverá libertação daquele juízo – ele será eterno! Fala antes de sermos entregues ao nosso próprio espírito implacável, o qual se torna o nosso atormentador. Cada vez que vemos, ou mesmo pensamos na pessoa contra quem guardamos rancor, somos atormentados com sentimentos maldosos. Trata-se de uma ação governamental de Deus, ensinando-nos em Sua escola que não é proveitoso ter um espírito imperdoável para com alguém.

Enquanto isso, conforme Deus trabalha no coração do ofensor para trazê-lo ao arrependimento, devemos mostrar-lhe um amor genuíno, expresso em atos de bondade. Isso tocará sua consciência, por meio da qual se envergonhará de sua maldade, e se julgará a si mesmo. Vemos que não só precisamos ter um espírito de perdão, mas também devemos ter um espírito benevolente para com aqueles que mostram animosidade em relação a nós. Agindo assim, estaremos fazendo a nossa parte para promover a “paz” na assembleia.

H E. Hayhoe disse que houve um tempo em que alguns de seus irmãos locais não gostavam dele. Ele chegou mesmo a ouvi-los falando dele entre si. Então ele foi para seus irmãos mais velhos e pediu-lhes conselho. Eles disseram: “Permaneça com o Senhor, e eles mudarão de ideia!” E isso foi exatamente o que aconteceu!

EXERCITE DOMÍNIO PRÓPRIO NO MINISTÉRIO DA PALAVRA

Vejamos outra coisa que ajudará a promover a paz na assembleia. 1 Coríntios 14:26-33 diz: “Que farei, pois, irmãos? Quando vos congregais, cada um tem salmo, tem ensino, tem revelação, tem língua, tem interpretação; que tudo se faça para edificação. Se alguém falar em língua, não falem senão dois ou, quando muito, três, e cada um por sua vez; haja um que interprete; mas se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo e com Deus. Falem os profetas, dois ou três, e os outros julguem; se for dada alguma revelação a outrem que estiver sentado, cale-se o primeiro. Pois todos, um após outro, podeis profetizar, para que todos aprendam e todos sejam exortados [encorajados – JND]. Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas, porque Deus não é Deus [Autor – KJV] de confusão, mas de paz. Como em todas as igrejas dos santos”.

O último versículo indica que Deus deseja que haja “paz” nas reuniões da assembleia, pois Ele é o “Autor” da paz. Essa passagem nos dá três coisas que regularão o exercício dos dons na assembleia e, se forem seguidos, haverá paz.

O apóstolo censurou os coríntios por causa da confusão que existia em suas reuniões. Ele mencionou que cada um deles parecia ter algo a dizer, fosse o assunto ligado ou não com o que os outros estavam falando. Todo mundo queria falar, e isso levou à confusão. Parafraseando o versículo 26, o apóstolo estava dizendo: “Como pode ser, irmãos, que em suas reuniões seja algo “aberto para todos?” Estive em reuniões que foram assim. Os irmãos, por assim dizer, tropeçavam entre si. E muitas vezes o que era dito não tinha ligação com o que os outros estavam dizendo – parecia desarticulado e confuso. Se esse tipo de coisa caracterizar nossas reuniões, como poderemos esperar que os santos que estão ouvindo entendam e se beneficiem com isso? Paulo diz-lhes: “Isso não deveria ser assim”. Mesmo que possa haver diversos irmãos participando, a reunião deve fluir suavemente.

O apóstolo segue falando do remédio para essa confusão. Primeiro há a necessidade de dar lugar à liderança do Espírito. Ele não se refere ao Espírito diretamente, mas por implicação, dizendo: “Faça-se”, “haja”, “esteja”, “fale”, etc. Ao conjugar os verbos com sujeito indeterminado ele faz uma referência à direção do Espírito na assembleia e à nossa permissão para que Ele guie e conduza. Temos que “deixá-Lo” conduzir e entender que podemos impedir a obra do Espírito na assembleia. Na verdade, sempre que temos um sujeito indeterminado nas exortações do Novo Testamento, faz-se referência à nossa responsabilidade de nos afastarmos do caminho e de não impedir que o Espírito e a nova vida em nós façam as coisas que naturalmente desejam fazer. Por exemplo, “Permaneça a caridade fraternal” (Hb 13:1). O Espírito de Deus e a nova natureza no crente querem fazer exatamente isso, mas temos que nos certificar de que não estamos impedindo que isso aconteça. Se deixarmos que o Espírito de Deus guie o ministério, haverá “paz” na assembleia.

Uma segunda coisa que regulará o ministério na assembleia é vista no versículo 32. “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas”. Isso significa que aqueles que participam das reuniões devem estar sujeitos aos seus próprios espíritos. Em outras palavras, devemos exercitar domínio próprio. O “espírito” do profeta aqui não é o Espírito Santo, mas o nosso espírito humano – a parte inteligente e consciente de Deus em nosso ser. Haverá momentos na reunião em que um pouco de bom senso ou inteligência diria para você recuar, esperar e exercer domínio próprio.

Tenho visto irmãos ficarem com tanta comichão para falar que dificilmente conseguem ficar sentados em suas cadeiras! Parece que pensam que o que têm para dizer é tão importante que precisa ser dito a qualquer custo. E isso nos leva de volta ao nosso primeiro ponto que é o de ficarmos ocupados com nossa importância própria. Diz em Levítico 21 que o homem que tinha “sarna” estava desqualificado para ministrar no santuário! Fala de alguém que não pode controlar seu espírito. Invariavelmente, tais pessoas perturbam a paz da assembleia.

Isso me lembra dum homem há anos que estava se afogando no Lago Michigan. Ele estava afundando pela conhecida “terceira vez”, quando clamou ao Senhor em desespero, tendo sido salvo, não apenas do afogamento, mas também salvo de uma eternidade perdida, por meio da fé em Cristo. Ele era realmente convertido e passou a se reunir com os irmãos na assembleia de Chicago. Recém-salvo, estava cheio de zelo e ânsia de aprender a verdade e frequentemente fazia perguntas na reunião e falava coisas que muitas vezes estavam fora do contexto. Chegou ao ponto em que suas interrupções estavam sendo perturbadoras. Podemos dizer que ele estava “com sarna” para falar. Um dia, quando o irmão se levantou, o Sr. Potter (o que mais ministrava naquela assembleia) virou-se na cadeira e disse: “Irmão, acho que você precisa de mais uma afundada no lago!” O problema era que o irmão não estava exercendo domínio próprio sobre seu espírito. Se aprendermos a controlar nosso espírito no ministério, haverá “paz” na assembleia.

Uma terceira coisa que regula o ministério é: “falem dois ou três profetas, e os outros julguem” (v. 29). O julgamento aqui refere-se a um julgamento administrativo da assembleia para “silenciar” uma pessoa, pelo qual sua boca é calada. A assembleia deve fazer isso se uma pessoa não estiver sujeita à liderança do Espírito e não controlar seu próprio espírito. Mostra que a assembleia tem um recurso se alguém perder o controle e participar de uma forma carnal e sem proveito.

Já ouvi falar de pessoas que usam o ministério para atirar flechas uns nos outros! Irmãos, isso é apenas a carne. Não é ministério dirigido pelo Espírito. Na realidade, é uma maneira disfarçada de brigar, só que não estamos enganando ninguém. Mesmo as pessoas mais jovens podem dizer o que está acontecendo. Este tipo de coisa deve ser interrompido e o versículo acima nos diz que a assembleia tem a autoridade para fazê-lo.